Galeria de Fotos #23 | Meus livros favoritos: Mrs. Dalloway (Virginia Woolf)


Dia desses, tive uma idéia e decidi reunir dois hobbies: a Literatura e a Fotografia, através de séries fotográficas dos meus livros preferidos. Decidi começar com uma escolha óbvia, principalmente para quem acompanha os posts deste humilde blog, e o livro fotografado da vez é Mrs. Dalloway, de Virgínia Woolf.





Antes de falar sobre o livro, quero contar um pouco sobre a locação das fotos. Elas foram tiradas no Museu da Casa Brasileira, que fica aqui em São Paulo. O MCB é especializado em Arquitetura e Design, principalmente de Móveis, e fica em um solar lindíssimo. Há uma exposição fixa, de móveis antigos (que são incríveis!) e exposições temporárias, palestras, debates e oficinas. No dia destas fotos, o tema da exposição temporária era o Design Holandês.
O MCB também tem um jardim, nos fundos, amplo e arborizado e um restaurante, O Santinho, também muito charmoso e aconchegante. É um lugar muito gostoso para passear, pois é vazio e pode-se fotografar à vontade. 



Agora, sobre o livro. Já falei um pouco sobre "Mrs. Dalloway" neste post. O livro foi publicado em 1925 e conta a estória de Clarissa Dalloway, e mostra as preparações dela para uma grande festa que será feita em sua residência. Entre uma e outra tarefa da preparação, a narrativa se concentra nos pensamentos de Clarissa sobre seu passado e futuro e, a partir destes pensamentos, ela começa a perceber a irrelevância não só da festa que está sendo preparada, como também de toda sua vida.
A estória se inicia na manhã do dia da festa, quando Clarissa sai para comprar flores. Ela começa, então, a vagar por Londres, adiando chegar da floricultura, pois deseja aproveitar aquele dia bonito. Com isso, uma melancolia começa a se abater sobre ela, e esta melancolia vai ficando mais profunda e mais poética com o desenrolar do livro.
O livro todo, então, narra aquele dia específico de Clarissa, desde as suas primeiras tarefas da manhã até a derradeira festa. 


Virgínia Woolf escreve sobre as realidades interiores das personagens. Portanto, ao ler qualquer livro dela, não podemos esperar grandes acontecimentos ou reviravoltas na trama, pois não é este o seu objetivo. A maior parte dos enredos dela são subjetivos, ou seja, são insights ou conclusões que as protagonistas atingem, depois de um tortuoso caminho de ponderação, reflexão e, no caso de Mrs. Dalloway, arrependimentos.
Como também é característico de Virgínia, há pitadas de feminismo (mesmo que, naquela época, o movimento não tivesse "nome e cara" como tem hoje) e de homossexualidade. Clarissa confessa ter sido apaixonada por Sally Seton, uma mulher independente e corajosa, que decepciona Clarissa ao tornar-se dona-de-casa com filhos.
Há também uma forte presença de Septimus Smith, um homem traumatizado no Pós-Guerra e que demonstra a transformação de um menino que amava poesia para um homem amargurado e deprimido. Esta transformação incomoda Clarissa em diversos níveis e corrobora com sua melancolia.
É um livro sensível e delicado, para ser lido no silêncio e com calma. É lindo, lindo, lindo. Recomendo!


1 Comments

  1. Oiii, moça!

    Esse seu post me lembrou o projeto Essential Book, do qual participo. Gostei muito das fotos do lugar, mas a minha preferida é a última - achei-a a mais poética de todas <3
    Ainda tô no final de As Ondas, mas quero muito continuar Mrs. Dalloway! Provavelmente, vou ter que reler o que já li, pois confesso que, pensando agora na história, não entendi nada haha.
    Ahh, esse seu exemplar é muito lindo! O que eu comprei é da L&PM, é menorzinho e mais colorido.

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

    ResponderExcluir