Como escrevo um livro #6: O que me motiva a ser escritora


"Ser escritora dói". Esta é uma afirmação que já fiz anteriormente e ela permanece uma verdade para mim até hoje.

A primeira e maior dor de todas foi a "dor de me levar a sério". Não é tão simples quanto parece. Escrever não é meu trabalho, tampouco minha profissão. Não ganho dinheiro escrevendo, nem uma carreira, nem um nome ou fama. Como consequência, não me preocupo com número de seguidores ou de curtidas em uma página ou foto. Acho tudo isso superficial - embora eu entenda que é necessário, nos dias atuais. E aí, quando não tenho nenhum pré-requisito do mundo moderno, posso me considerar oficialmente uma escritora? Esta pergunta me rondou por anos (mais ou menos uns dez).

A minha maior conquista até hoje, como escritora, foi decidir e formalizar para mim mesma que eu sou uma escritora. Um baita paradoxo. Por muitos anos, atrelei esta condição de "ser escritora" à publicação de um livro por uma editora. E quando a publicação me era negada e as cartas de recusa chegavam (os e-mails, neste mundo moderno), minha realidade entrava em colapso. Mas, espera um pouco: sou sim escritora, com ou sem recusas.

Escrevo simplesmente porque morreria se não o fizesse. Ok, morreria soa trágico, eu sei, mas é assim mesmo: sem escrever, murcharia aos poucos, até chegar a um ponto de desânimo que nada mais seria capaz de me curar. Escrevo porque não sei fazer outra coisa com tanta paixão e com tanto carinho. Escrevo porque é o que me move todos os dias, quando acordo pela manhã e penso nas infinitas atividades banais e cotidianas que preciso lidar. Escrever foi meu bote salva-vidas em todas as tragédias da minha estória, e foi meu bolo de comemoração em todas as boas notícias que recebi. Escrever é minha companhia por excelência, que está comigo em todos os lugares, épocas e momentos. A escrita é minha grande melhor amiga.

Dia desses, li uma citação - não me recordo de quem - que dizia: "Se mesmo sem público para ler, você continua escrevendo, então você é um escritor." e foi neste momento que veio, enfim, a epifania: sim, eu escrevo mesmo que ninguém leia, mesmo que ninguém goste, mesmo que nunca seja publicada. E, portanto, sou uma escritora. E nada pode arrancar isso de mim.

Minha mãe fez uma faxina na casa dela e descobriu um caderno meu, da segunda série do Ensino Fundamental. Eu devia ter mais ou menos dez anos de idade naquela época. Quando abri o caderno, fiquei emocionada quando percebi que era o primeiro livro que eu tinha escrito. Eram pequenos contos sobre as situações do cotidiano de uma criança e parecia que eu estava lendo a obra de outra pessoa. Mas era o começo da minha: aquelas situações passaram-se comigo e fui eu quem as escrevi. 

Foi então que percebi, como nunca antes, que a única constante da minha vida é escrever. Faço isso desde criança e não houve uma semana sequer que eu passasse sem escrever alguma, qualquer coisa. Muitos hábitos e hobbies vieram e foram embora mas este, o ato de escrever, permanece em mim o tempo todo. Sempre.

Então, sim, eu sou uma escritora, e esta é a parte de mim que eu mais gosto. É a parte de mim que me move, pois posso criar meu próprio mundo. E posso destruí-lo também. E esta sensação de poder e criação é a melhor coisa que possuo.

2 Comments

  1. Muito bom! Essa é uma dúvida que eu sempre tive também, sabe? Desde adolescente eu tenho gosto por escrever, mas sempre achei muito prepotente me considerar escritora. Mas, de fato, você tem razão. Essa é uma ótima citação, que todo mundo que escreve deveria conhecer.
    Adorei o seu blog (:

    http://sobrelivroseletras.blogspot.com.br/

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    1. oi Aline!
      Fico feliz que você tenha gostado do meu cantinho, porque eu adoro o seu! hahaha Sempre passo por lá (embora esqueça de comentar nos posts! *shame*)
      Beijos e volte sempre!

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